Hollywood se rende aos ‘twinks’, os galãs magrelos
Num mundinho tão afeito a tribos e fetiches como o universo gay, ser “twink” é um bônus. O termo em inglês designa homens magrelos, em geral com aspecto de mais novos –aqueles caras com jeito de menino que estão por aí na balada, nos aplicativos de pegação e, muito de vez em quando, na academia.
Velhos conhecidos dos gays, os “twinks” não tinham vez fora do gueto. Ao menos, não em Hollywood, que desde os filmes de ação dos anos 1980 acostumou o público a relacionar seus heróis masculinos a brutamontes musculosos.
Mas pare para observar os atuais blockbusters em cartaz ou que estrearão em breve: o novo “Homem-Aranha”, “Em Ritmo de Fuga” e “Valerian e a Cidade dos Mil Planetas” são filmes protagonizados por atores que se encaixam no rótulo de “twink”. Mesmo filmes autorais, como “Moonlight” e “Call me By Your Name”, também têm os seus representantes nessa turma que não está nem aí para o crossfit.
Quem notou essa nova safra de galãs magrelos foi o americano Kyle Buchanan, que escreve sobre cinema no Vulture, o melhor site de cultura pop hoje.
Começamos com o imberbe Tom Holland, o novo Homem-Aranha. Esse inglês de 21 anos é o terceiro ator a vestir o manto vermelho do super-herói da Marvel nos últimos 15 anos. Ainda que o britânico ostente uma barriga tanquinho –fruto de horas de treino como bailarino–, seu “shape” é muito mais modesto do que o que Tobey Maguire foi obrigado a adotar para interpretar o aracnídeo em 2002.
Na quinta (27) estreia “Em Ritmo de Fuga”, novo filme de ação que tem o garotão Ansel Elgort no papel principal, um sujeito que dirige carros para bandidos. Aos 23, esse nova-iorquino de 1,91 m de altura é conhecido por quem já viu o dramalhão “A Culpa É das Estrelas” e a saga de distopia teen “Divergente”. Em fotos sem camisa que Elgort exibe no seu perfil no Instagram, pouco se nota de preocupação com músculos.
“Valerian”, novo filme de Luc Besson, estreia no próximo dia 10 e traz no papel-título o americano Dane DeHaan, que aos 31 anos de idade certamente poderia se fazer passar por alguém 10 anos mais novo. O próprio Buchanan, que levantou a bola para os “twinks” em seu artigo, nota que o Valerian dos quadrinhos era um herói tradicional, daqueles grandalhões, mas que DeHaan pode traz uma lufada mais pueril ao personagem.
Há também espaço para os magrelos no circuito indie. E aqui falamos de atores que são “twinks” e interpretam personagens gays. Em “Moonlight”, vencedor do Oscar de melhor filme, o californiano Ashton Sanders, 21, faz o papel do protagonista, Chiron, em sua fase adolescente; a sua magreza ressalta a aparência indefesa. As costelas salientes do ator não o impediram de posar só de cueca para uma campanha publicitária da Calvin Klein.
Outro achado do circuito autoral e forte candidato ao título de melhor filme gay do ano é “Call me By Your Name”, que deve chegar aos cinemas brasileiros no segundo semestre. O diretor italiano Luca Guadagnino escalou o esguio Timothée Chalamet, 21, para o papel principal, o de um garoto de 17 anos que se apaixona por um pesquisador americano mais velho, hóspede na casa de seus pais, na Itália. Banhado pelo sol do verão mediterrâneo, o jovem ator exibe sua barriga quase negativa.
Holland, Elgort, DeHaan, Sanders e Chalamet abrem uma frestinha numa Hollywood que ainda é povoada por Dwayne Johnson, Chris Pratt, Zac Efron e outros incontáveis brutamontes. No Brasil, transformaram o magrelo Chay Suede num galã musculoso, mas ainda há um Jesuíta Barbosa para fazer número pelos “twinks”.
Os magrelos agradecem.