Close https://close.blogfolha.uol.com.br O mundo gay visto de perto Thu, 02 Aug 2018 20:15:22 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Manual ensina uso correto de termos vinculados à diversidade sexual https://close.blogfolha.uol.com.br/2018/05/23/manual-ensina-uso-correto-de-termos-vinculados-a-diversidade-sexual/ https://close.blogfolha.uol.com.br/2018/05/23/manual-ensina-uso-correto-de-termos-vinculados-a-diversidade-sexual/#respond Wed, 23 May 2018 16:35:20 +0000 https://close.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/manualLGBT-320x213.jpg http://close.blogfolha.uol.com.br/?p=145 Homossexualismo. O travesti. Opção sexual. Essas expressões podem parecer inofensivas, mas carregam décadas de desinformação que só colaboram para formular conclusões erradas sobre a sexualidade e cujo efeito imediato é a disseminação da homofobia.

As versões corretas das palavras são “homossexualidade”, porque o sufixo ismo é geralmente vinculado a doença e ideologia; “a” travesti, em vez do artigo no masculino, porque a identidade é feminina; e “orientação sexual”, pelo simples fato de uma pessoa não optar por sua sexualidade, porque ela é nata.

Essas e outras expressões estão no primeiro Manual de Comunicação LGBTI+, lançado na terça-feira (22), em São Paulo, pela Aliança Nacional LGBT em parceria com a GayLatino, uma rede de associações latino-americanas que lutam pelos direitos de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros.

Apoiado por diversas entidades ligadas à comunicação, inclusive a Federação Nacional dos Jornalistas, o guia tem como propósito desestimular nos textos e na fala o uso de termos corriqueiros que desrespeitam a dignidade humana e sugerir correções.

Editamos alguns verbetes que põem os pingos nos is desse extenso (e, é verdade, às vezes confuso) vocabulário da diversidade. Confira.

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Identidade, orientação e sexo

São três conceitos básicos para entender a diversidade. A identidade de gênero é a “forma como cada pessoa sente que ela é em relação ao gênero masculino e feminino, relembrando que nem todas as pessoas se enquadram, e nem desejam se enquadrar, na noção binária de homem/mulher, como no caso de pessoas agênero e ‘queer’, por exemplo”.

[…] Orientação é um conceito descolado da identidade, porque é a “inclinação involuntária de cada pessoa em sentir atração sexual, afetiva e emocional por indivíduos de gênero diferente, de mais de um gênero ou do mesmo gênero”. […] Por fim, “o sexo biológico é o que existe objetivamente, os órgãos, hormônios e cromossomos.”

 

“Queer”?

Um adjetivo utilizado por algumas pessoas, em especial mais jovens, cuja orientação sexual não é exclusivamente heterossexual. De modo geral, para as pessoas que se identificam como “queer”, os termos lésbica, gay, e bissexual são percebidos como rótulos que restringem a amplitude e a vivência da sexualidade. O termo ‘queer’ também é utilizado por alguns para descrever sua identidade e/ ou expressão de gênero. Quando a letra Q aparece ao final da sigla LGBTI+, geralmente significa queer e, às vezes, ‘questioning’ (questionamento de gêneros).”

 

Nem desvio, nem normalidade

“No Brasil, a homossexualidade não é considerada ‘desvio sexual’ desde 1985, pelo Conselho Federal de Medicina. É um termo ofensivo e que não deve ser usado por profissionais da comunicação, pois indica a homossexualidade como uma anomalia, algo fora de uma ideia de ‘normalidade’ heterossexual.”

[…] “Ao se tratar de sexualidade, não existe padrão de normalidade ou anormalidade. A manifestação sexual/afetiva é de caráter individual e íntimo dos indivíduos. Falar de ‘normalidade’ de uma identidade ou orientação sexual pressupõe que existe um ‘desvio da norma’ ou uma ‘anormalidade’. Portanto, é uma expressão que deve ser evitada ao referir-se aos segmentos LGBTI+, pois pode reforçar conceitos relacionados ao preconceito e discriminação.”

 

Ninguém muda de sexo

[…] “A readequação de sexo e gênero é muito mais ampla do que deixa entender o termo ‘mudança de sexo’, que pode reduzir a questão como apenas uma vontade de trocar de sexo. Antes das cirurgias, é realizada uma avaliação e acompanhamento ambulatorial com equipe multiprofissional, com assistência integral no processo de readequação de sexo e gênero (BRASIL, 2015b).”

 

Travesti não é o mesmo que transformista

Transformista é um “indivíduo que se veste com roupas do gênero oposto movido por questões artísticas (ABGLT, 2010).” […] “Uma drag queen não deixa de ser um tipo de ‘transformista’, pois o uso das roupas está ligado a questões artísticas – a diferença é que a produção necessariamente focaliza o humor, o exagero.”

Portanto, é importante separar a travesti desses dois contextos, porque ela “é a pessoa que nasceu com determinado sexo, ao qual foi atribuído culturalmente o gênero considerado correspondente pela sociedade, mas que passa a se identificar e construir nela mesma o gênero oposto”. […] “Atualmente, o termo travesti adquiriu um teor político de ressignificação de termo historicamente tido como pejorativo.”

 

Troque “casal homossexual” por “casal homoafetivo”

“Ao falar sobre homoafetividade ou casamento homoafetivo, o ideal é usar a expressão casal homoafetivo. A palavra homoafetiva é sinônimo de homossexual, mas ressalta a conotação emocional e afetiva envolvida na relação amorosa entre pessoas do mesmo sexo/gênero.”

 

“Cura gay” não existe!

O conceito é da idade média, mas como parece que não saímos dela, vale lembrar: “o Conselho Federal de Psicologia, por meio da Resolução 001/99, veda toda e qualquer tentativa de um psicólogo de ‘curar’ o paciente homo ou bissexual. Nesses casos, o profissional que infringir a resolução pode sofrer sanções, inclusive a perda do registro profissional. Também um psiquiatra ou médico pode ser denunciado ao Conselho Regional de Medicina, caso tente ‘tratar’ a homossexualidade.”

Leia o manual completo aqui

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Primeira liga gay de futebol faz campeonato no Rio https://close.blogfolha.uol.com.br/2017/11/10/primeira-liga-gay-de-futebol-faz-campeonato-no-rio/ https://close.blogfolha.uol.com.br/2017/11/10/primeira-liga-gay-de-futebol-faz-campeonato-no-rio/#respond Fri, 10 Nov 2017 17:07:52 +0000 https://close.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/IMG-20171108-WA0006-180x120.jpg http://close.blogfolha.uol.com.br/?p=102 Como de dessem um golpe no preconceito em um dos esportes mais homofóbicos do mundo, a primeira liga de futebol society LGBTQ do país entrará em campo pela segunda vez. Acontecerá no Rio de Janeiro, no dia 25 de novemebro, a 1ª Champions Ligay, torneio criado por um grupo de amigos “cansados de ter de explicar que gays também podem jogar futebol”, segundo disse ao blog um dos fundadores do Unicorns Brazil (SP), Filipe Marquezin.

Desde a versão piloto do campeonato, em julho, que recebeu o nome de Taça Hornet da Diversidade e foi patrocinada pelo aplicativo de encontros que dá nome ao prêmio, o número de seleções inscritas no torneio mais que dobrou. Outros cinco times já confirmaram presença na edição de abril, quando está marcado o segundo campeonato, em Porto Alegre (RS).

“O interesse por futebol cresceu bastante entre os gays depois do primeiro campeonato. Nossa ideia sempre foi reunir os amigos, mas entendemos que combatemos o preconceito quando desmistificamos a ideia de que o esporte [futebol] é coisa de machão”, diz Marquezin.

Além do Unicorns Brazil, entrarão em campo os times Alligaytorns (RJ), CapiVaras (PR), Bharbixas (MG), Sereyos (SC), Magia FC (RS), Futeboys FC (SP), Bravus (DF) e o anfitrião BeesCats Soccer Boys (RJ).

Sem grandes patrocinadores, os integrantes da Ligay se reúnem como e quando podem. Para o campeonato do dia 25, o Grupo Águia, que cuida da operação da CBF, intermediou as negociações para baratear custos de hospedagem e transporte das equipes, que estarão concentradas em um hotel de Ipanema, na zona sul carioca.

Os organizadores esperam que 400 jogadores ocupem o Rio Sport, na Barra da Tijuca, entre as 13h e 19h. Após os jogos, na festa de encerramento, outras 400 devem assistir ao show de ritmos pop do Candybloco. No evento haverá um estande da grife de cosméticos Granado onde garotos poderão, gratuitamente, fazer a barba. Até o domingo (12), os ingressos do primeiro lote do campeonato custam R$ 30 no site da Sympla.

Não há “dress code” obrigatório, mas a liga sugere que todos vistam uma roupa de jogador porque “mais de 90% da festa estará de meião e chuteira”.

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Aos 25, Festival Mix Brasil resiste em meio a escalada homofóbica e terá programação gratuita https://close.blogfolha.uol.com.br/2017/11/01/aos-25-festival-mix-brasil-resiste-em-meio-a-escalada-homofobica-e-tera-programacao-gratuita/ https://close.blogfolha.uol.com.br/2017/11/01/aos-25-festival-mix-brasil-resiste-em-meio-a-escalada-homofobica-e-tera-programacao-gratuita/#respond Wed, 01 Nov 2017 21:30:24 +0000 https://close.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/Me-Chame-Pelo-Seu-Nome-180x101.jpg http://close.blogfolha.uol.com.br/?p=90 Por Guilherme Genestreti e Pedro Diniz

Em um ano de ataques à liberdade de expressão e de uma escalada homofóbica que associa homossexualidade à pedofilia, o Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade versará sobre resistência.

Tanto a resistência do evento, que comemora 25 anos com programação inteiramente gratuita, quanto a de membros da comunidade LGBTQ com histórico de luta por cidadania e equanimidade de direitos. Ao todo, 167 filmes serão exibidos entre 15 e 26 de novembro, nesta que é a maior edição do Mix.

O primeiro prêmio especial será dado ao cineasta americano Gus Van Sant, que além de vir ao país para a entrega da homenagem ganhará retrospectiva de sua filmografia. Serão exibidos títulos como a sua estreia, “Mala Noche” (1986), filme em preto e branco sobre o envolvimento de um americano com um jovem e ilegal imigrante mexicano, e o hoje clássico “Garotos de Programa” (1991), “road movie” que tem Keanu Reeves e River Phoenix no papel de dois prostitutos.

Entre os títulos brasileiros já confirmados estão “A Moça do Calendário”, de Helena Ignez, um elogio às utopias, inclusive a sexual. Já a escalação internacional inclui títulos como “Tom of Finland”, sobre o notório ativista homoerótico finlandês, e ‘God’s Own Country”, obra sobre o envolvimento de dois jovens pastores no interior do país.

A abertura do evento se dará com a exibição de “Me Chame pelo Seu Nome”, filme do italiano Luca Guadagnino que é um dos grandes cotados ao Oscar. Na obra, um pesquisador americano (Armie Hammer) se envolve com um adolescente europeu (Thimothée Chalamet), filho do casal que o recebe na Itália.

Já “Thelma”, de Joachim Trier, aborda a história de um romance lésbico contada sob chave fantástica.

À extensa programação de filmes espalhada por salas do Espaço Itaú Augusta, CineSesc e Centro Cultural São Paulo, será incluída uma outra de shows, marcados para acontecer no Auditório do Ibirapuera, e peças de teatro.

Quem abre a programação musical é a cantora “Liniker e os Caramelows”, e a de teatro, o monólogo “Processo de Conscerto do Desejo”, dirigido e protagonizado pelo ator Matheus Nachtergaele.

Após debate com patrocinadores, foi mantida a programação de filmes educativos da mostra “Crescendo com a Diversidade”, voltado para crianças e que tem classificação etária livre.

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Por que precisamos ser mais LGBTQ https://close.blogfolha.uol.com.br/2017/06/18/por-que-precisamos-ser-mais-lgbtq/ https://close.blogfolha.uol.com.br/2017/06/18/por-que-precisamos-ser-mais-lgbtq/#comments Sun, 18 Jun 2017 05:10:58 +0000 https://close.blogfolha.uol.com.br/files/2017/06/abre_close1-180x162.jpg http://close.blogfolha.uol.com.br/?p=23 Por Guilherme Genestreti, Pedro Diniz e Silas Marti

Há quem diga que os 19 trios elétricos e os milhões de convidados da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, que acontece neste domingo (18), transformaram o evento numa grande micareta. Também há quem acredite que os tempos mudaram e que, por isso, eventos assim são mais um custo desnecessário e passível de corte –a falta de verba para a parada do Rio sob a gestão do prefeito Marcelo Crivella (PRB-RJ) é bom exemplo desse conceito.

A verdade, haja vista o noticiário político, econômico e, principalmente, policial, é que nunca foi tão urgente dar visibilidade e voz para questões da diversidade sexual.

A recente mobilização da comunidade LGBTQ*, que só há 48 anos saiu do armário para o mundo, durante as manifestações de Stonewall, em Nova York, promoveu tantas conquistas quanto uma escalada da homofobia. O Brasil, por exemplo, com a fama de bom anfitrião e cartão-postal da alegria, responde com tiros, pauladas e lâmpadas quem pensa e age diferente de um ideal heteronormativo.

Só no ano passado, estima-se que 343 homossexuais tenham sido assassinados no país vítimas de um preconceito que talvez sempre tenha existido, mas agora tem nome próprio e certidão de óbito registrada.

Direitos conquistados recentemente como a união civil entre pessoas do mesmo sexo e o uso do nome social para servidores públicos transgêneros, travestis e transexuais, são eclipsados por uma agenda conservadora desenhada em um congresso que discute a “cura gay” enquanto engaveta projeto de criminalização da homofobia, mal enraizado em uma sociedade claramente machista e patriarcal como a brasileira.

Os ganhos dessa mobilização mundial são postos em xeque a cada emprego negado a transexuais, grupo mais vulnerável do arco-íris, a cada homossexual posto para fora de casa ou do convívio escolar por represálias justificadas com passagens bíblicas descontextualizadas, ignorância e medo.

E tudo indica que no ano que vem a causa LGBTQ será assunto central nas eleições presidenciais com a provável candidatura de um nome como o de Jair Bolsonaro (PSC-RJ), notório opositor às demandas dessa população.

Paradas como a que acontece neste domingo em São Paulo também ajudam a quebrar preconceito dentro do próprio guarda-chuva de letrinhas que compõem o nosso universo. Elas são, afinal, provavelmente a única oportunidade de reunião entre gays e lésbicas, cisgêneros e transgêneros, bissexuais e heterossexuais… –enfim, grupos tão diferentes e que no resto do ano estão fechados em seus guetos tradicionais.

É claro que se dança, que se flerta e que se celebra além da conta do que seria tido como adequado na visão de quem defende o caráter eminentemente político das paradas. Mas o fervo, é bom que se diga, é também um manifesto político: em décadas de homofobia institucionalizada foram as boates os templos sagrados da nossa causa.

E é pelo medo, os próprios e os dos outros, que se marcha, se grita e, que bom, se dança tanto. 

Boa parada!

*LGBTQ é a sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Trangêneros e “Queer”

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Folha estreia novo blog sobre comunidade LGBTQ https://close.blogfolha.uol.com.br/2017/06/18/folha-estreia-novo-blog-sobre-comunidade-lgbtq/ https://close.blogfolha.uol.com.br/2017/06/18/folha-estreia-novo-blog-sobre-comunidade-lgbtq/#comments Sun, 18 Jun 2017 05:00:42 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://close.blogfolha.uol.com.br/?p=33 A Folha estreia neste domingo (18), no Mês do Orgulho Gay, o blog “Close”, destinado a noticiar e analisar assuntos relacionados à comunidade LGBTQ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros e Queer). O espaço será editado pelos jornalistas Guilherme Genestreti, Pedro Diniz e Silas Martí, especializados na cobertura cultural do jornal.

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