Close https://close.blogfolha.uol.com.br O mundo gay visto de perto Thu, 02 Aug 2018 20:15:22 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Em ‘ano temeroso’, Parada do Orgulho LGBT de SP pedirá voto consciente https://close.blogfolha.uol.com.br/2018/04/02/em-ano-temeroso-parada-do-orgulho-lgbt-de-sp-pedira-voto-consciente/ https://close.blogfolha.uol.com.br/2018/04/02/em-ano-temeroso-parada-do-orgulho-lgbt-de-sp-pedira-voto-consciente/#respond Mon, 02 Apr 2018 21:10:27 +0000 https://close.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/paradasp-320x213.jpg http://close.blogfolha.uol.com.br/?p=129 A Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, uma das maiores do mundo em público, repetirá neste ano o mote de 2010, quando levantou a bandeira do voto por igualdade de direitos. O tema da manifestação, que ocorre em 3 de junho, na av. Paulista, será “Poder para LBTI+: nosso voto, nossa voz”, um pedido para a população escolher candidatos com propostas que incluam a diversidade.

Pelo fato de problemas históricos enfrentados pela comunidade, como discriminação, crimes de ódio e falta de representatividade no poder público, não terem sofrido mudanças significativas na última década, a organização da Parada decidiu voltar à discussão em um “ano temeroso”, segundo definiu um dos sócios-fundadores do evento, Nelson Pereira, citando as eleições de outubro para presidente, deputados e senadores.

“Precisamos entender que, sem representatividade no congresso e na presidência, não conseguiremos formular políticas públicas. Vemos ações bem articuladas de bancadas conservadoras por natureza, por que não temos uma que defenda nossos direitos?”, questiona Pereira.

Ele cita as bancadas evangélica e “da bala”, essa formada por parlamentares a favor de acesso mais abrangente a armas de fogo pela população, como forças políticas atuantes para travar votações e projetos que beneficiam a comunidade LGBT.

“O pior disso é ver homossexuais, uma parcela oprimida da sociedade, apoiando a candidatura desses políticos. É o grande paradoxo LGBT desse nosso tempo, o oprimido defendendo o opressor.”

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pré-candidato à presidência, seria um exemplo desse “opressor” que, “agora, espertamente, tenta incluir uma parcela de homossexuais brancos e de classe média, que não sofreram discriminação, em seu discurso de campanha”.

Em janeiro, à Folha, o deputado federal e presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), afirmou que Bolsonaro representa “liberdades individuais e livre expressão de ideias”.

“Jamais faríamos como o PT, por exemplo, que apoia Cuba, onde homossexuais iam para o paredão”, disse Bivar na entrevista ao jornalista Marco Rodrigo Almeida.

Dois meses antes da entrevista, em novembro de 2017, Bolsonaro teve confirmada a sentença de um processo por declarações homofóbicas. Ele pagou R$ 150 mil porque, em 2011, no extinto programa “CQC” (TV Bandeirantes), afirmou não se preocupar na possibilidade de ter um filho gay pois seus filhos tiveram uma “boa educação”.

A presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, Claudia Regina Garcia, diz que a Parada sempre foi suprapartidária e não apoiará nenhum candidato. Diz, no entanto, que, “como todos os anos, é comum os trios receberem autoridades políticas”.

Marielle Franco, vereadora do PSOL assassinada no Rio de Janeiro no dia 14 deste mês, será lembrada no discurso de Claudia, “tanto por identificação pessoal”, diz ela, “porque assim como eu era negra e lésbica”, quanto por sua pauta em favor dos direitos humanos. A organização espera que outras entidades e associações presentes nos trios homenageiem a vereadora.

A Parada do Orgulho é um dos eventos oficiais da cidade com maior potencial econômico. A prefeitura estima que 20% do público venha de fora da cidade e que movimentem R$ 45 milhões durante a festa.

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Governo lança campanha ‘invisível’ de combate à homofobia https://close.blogfolha.uol.com.br/2017/06/30/governo-lanca-campanha-invisivel-de-combate-a-homofobia/ https://close.blogfolha.uol.com.br/2017/06/30/governo-lanca-campanha-invisivel-de-combate-a-homofobia/#respond Fri, 30 Jun 2017 14:40:44 +0000 https://close.blogfolha.uol.com.br/files/2017/06/campanha-lgbt-180x129.jpg http://close.blogfolha.uol.com.br/?p=51 Para “comemorar” o Dia do Orgulho LGBTI, celebrado mundialmente na quarta-feira (28), o governo federal lançou uma campanha publicitária para dar visibilidade à comunidade. Cartazes, vídeo para TV, banners para internet e flashes de rádio idealizados pelo Ministério dos Direitos Humanos tratariam de desmistificar os preconceitos de gênero e orientação sexual. Tratariam.

Apresentadas em evento na sede do ministério, em Brasília, as peças da campanha Respeite as Diferenças só estarão visíveis para quem se dispuser a entrar em páginas do Facebook do governo e quem tiver a sorte de acessar algum portal ou estar na frente da TV na hora que alguma emissora exibi-las dentro dos espaços de mídia gratuita. A visibilidade proposta pelo projeto expôs, na verdade, a invisibilidade de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros  dentro da agenda política.

Cartaz da campanha Respeite as Diferenças, idealizada pelo Ministério de Direitos Humanos . Crédito: Divulgação

Com vigência até o dia 17 de julho, a campanha de conscientização mostra em seus cartazes pessoas trajadas com uniformes de médico, chefe de cozinha, contador, entre outras profissões. Ao lado da foto, lê-se mensagens como “se você souber que foi uma trans que preparou seu prato, altera o sabor?” e “se você souber que sua escritora preferida é lésbica, altera o conteúdo do livro?”.

No vídeo para TV as referências à comunidade LGBT são difusas e subjetivas. A sigla não aparece nem no lambe-lambe de divulgação da campanha e nem nos vídeos e cartazes, a não ser no endereço eletrônico impresso em letras diminutas.

A primeira imagem mostra uma mulher em frente a um prédio em construção, falando para a câmera que “no início não entendia o que eu era, só pensava no que meus pais iriam dizer”. Em 30 segundos de filme, não há nenhuma menção às palavras gay, lésbica, travesti, transexual ou bissexual.

Para a coordenadora geral de promoção dos direitos de LGBT da Secretaria de Direitos Humanos, Marina Rudel, a campanha tem de ser vista como um avanço.

“A ideia é naturalizar a questão LBGTs, desmistificar os preconceitos e vivências dessas pessoas. As campanhas do governo para a comunidade sempre foram vinculadas à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Quisemos fazer diferente”, diz.

Rudel afirma que os cartazes serão distribuídos às secretarias dos governos estaduais. Não houve verba para “outdoors”.

Procurada, a Secretaria de Comunicação Social do governo não se pronunciou sobre a campanha e limitou-se a explicar, ainda que sem valores, o plano de divulgação previsto.

O lançamento da campanha aconteceu um dia após a Câmara Legislativa do Distrito Federal derrubar a regulamentação da lei anti-homofobia no Estado, que se arrasta há 17 anos. O decreto foi formulado pelos deputados Rodrigo Delmasso (Podemos), Julio Cesar (PRB) e Bispo Renato Andrade (PR), todos ligados à bancada evangélica.

Pelo menos no Brasil, o mês do orgulho terminou com preconceito e um grande banho de água fria.

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